domingo, 16 de fevereiro de 2020

Fúlvio Penaforte, editor do Jornal Nenhum e amigo de Giselle Ribeiro, descobriu que ela tem novidades e foi até ela para saber mais:
Giselle Ribeiro que história mais sem pé nem cabeça, escrever cartas no tecido... Como é isso mesmo?
- Como disse na outra entrevista, é um ato de ligação entre mulheres. Elas se conversam no tempo que preparam o tecido para receber a escrita. Elas costuram fio por fio alguma conversa, falam de si, das suas alegrias e tristezas... depois do teci...do pronto, as remetentes escrevem e mandam notícias pelos correios. Tem sido assim comigo e com minha correspondente, a educadora Silvana Schilive que mora em Nova Laranjeiras/Paraná. Sempre que nos comunicamos Pará e Paraná parecem parte de um mesmo mundo, encurtamos a distância. Foi para ela e dois alunos dela que mandei meus primeiros cartões postais feitos no tecido.
Giselle Ribeiro, a mulher que inventou a carta escrita no tecido parece ter argamassa no cérebro e faz grandes construções. Ela conta: Comecei com uma oficina pela vida do livro "Pedro Carteiro" (2014), depois criei um grupo com as mulheres que fizeram a oficina e, de la pra cá, não consegui mais parar. Hoje eu me mantenho, com a carreira solo no meu maravilhoso exercício de escrever cartas no tecido e senti necessidade de avançar. Foi quando voltei da Espanha, nesse dezembro de 2019, com um pacote de cartão postal na bolsa. Depois de alguns dias eu ouvi uma voz criativa de dentro de mim me dizendo que era o tempo de avançar, sair da carta escrita no tecido para o Cartão Postal feito também no tecido. De querer progredir e não deixar que esse gesto humano desapareça e tendo vontade de correr lado a lado com a tecnologia, na era das conversas pelo Whats App, fui movida pela vontade de criar a carta de ouvido. A ideia do nome veio de um grupo de poetas que se comunicam por Whats App. O grupo foi criado pelo escritor e contador de histórias Igor Gonçalves, que deu o nome ao seu grupo de Poesia de Ouvido, um grupo que se diz poesia, apesar das distâncias. Assim a Carta de ouvido é uma carta com todos os traços da carta escrita, mas é falada. Ela tem local, data, saudação e uma conversa boa até chegar a despedida e assinatura. Mas tem outro segredo que eu não conto, só sabe quem recebe essa tal Carta de Ouvido.


Fluvio e Giselle se sorriem e fecham a entrevista com um abraço demorado, coisa tão peculiar daquela que inventou a carta escrita no tecido.

domingo, 18 de novembro de 2018

Manifesto d'O livro "O menino que espiava para dentro" escrito por Ana Maria Machado.
O livro recebeu fortes críticas e ameaça de recolhimento, porque faz referência aos clássicos da literatura oral como A branca de neve entre outros.  Ao atravessar as outras histórias clássicas, o livro traz para si o objeto mágico conhecido por todos: a maçã. Não conto os detalhes para não estragar o bom gosto que o livro tem. Diante das ameaças de alguns "leitores" desavisados, eu escrevi este manifesto pra ser uma das formas de resistência e que todo leitor tenha o direito de escolha do que quer ler.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Francisco Gregório Filho Prêmio Rapticula 2017

Francisco Gregório Filho é o Prêmio Rapticula 2017 na categoria Lumière para a humanidade

Durante alguns anos o contador de histórias vinha sendo observado pelo microscópio da instituição Rapticula e a soma do seu entusiasmo pelas histórias contadas era calculada no final de cada dia. O número exato não cabia nele, por isso essa demora em anunciar o resultado, declara Giselle Ribeiro, presidente a instituição.
- Passamos então a fazer várias escutas e ler a sua voz mesclada pelo corpo e memória. Foi assim que chegamos ao resultado, que nunca se faz exato.
Eis uma parte do cálculo feito pela instituição para chegar ao resultado do Prêmio Rapticula Lumière para a humanidade: Francisco Gregório Filho desenvolve oficinas de contadores de histórias, participou da Biblioteca Nacional, da criação do Programa Nacional de Incentivo à Leitura (Proler) e da Casa da Leitura, sede do Programa. Como secretário de Cultura do Acre, implantou as Casas da Leitura Chico Mendes e Gameleira.
A contação, diz ele, é importante para melhorar a qualidade da leitura. Há alguns discursos contrários a essa prática de contar histórias, mas ela é essencial, ele afirma. “Você se torna leitor com a oralidade, a escrita e as imagens. Não apenas com o contato com a letra. É a palavra escrita, conectada com a oral, com o que está em volta e com as imagens. Uma prática não desmerece a outra, e não é necessária uma hierarquia. O principal é a escuta aliada à expressão. Para isso, precisamos da quietude, ouvindo uma voz narrando e trazendo uma história, um texto.
(Anuncia o vencedor do Prêmio Francisco Gregório Filho e faz acender Lumière para a humanidade).
*Acompanhe a matéria da premiação amanhã em todos os grandes jornais.
ATENÇÃO: este prêmio é feito de ficção.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Isto Explica

ISTO EXPLICA
Adriane Garcia, p. 23 do livro O nome do mundo, 2014


Não fui a menina dos undergrounds
Das agitações noturnas...
Das leituras insólitas
Dos dionisíacos saraus
Meu campus era o campo
Onde eu cavoucava batatas
E ficava feliz, se raro, era doce
Vivi na terra vermelha
Sem xampu, mamãe tentava
Alisar-me os cabelos
Ver se ficava branca
Eu parecia
Mas havia um banzo

Negra acima de tudo
A alma
Por sorte aprendi a ler
E consegui decifrar as placas
No navio
Cheguei atrasada
Uns mil anos
Para a aula
Sobre Rimbaud.


(resolvi postar hoje esse poema, porque acho saudade um bicho roedor e vim protestar a ausência desta poeta no facebook. Aquele espaço precisa de pessoas criativas, sensíveis e inteligentes, na medida do possível e às vezes, do impossível). Pronto, recado dado.

sábado, 24 de dezembro de 2016



SÃO 25 mil olhos, todos voltados para a mesma porta. TUDO por uma especulação:
- Quem há de ser o Prêmio Rapticula 2016?
A porta travou ontem, parecia de propósito. Por conta disso, o nome ficou preso, suspenso, sustentado pelas aventuras que ela sempre propõe aos seus leitores. Até que um passarinho de mil asas, desejoso de outros voos, pousou no fio do poste daquela rua, rua da Fundação Rapticula e fininho assoviou o nome dela. Mas, antes fez todo um floreio no seu cantar e, num Rodopio:

Andorinha me tonteia
quando cravo os olhos nela.
Eu debruçado na janela,
ela voa, voluteia,
voa ao alto, vem, mergulha.
Quem me dera ir num pulo
bater asas junto dela.

                  p.6.

A imprensa olhou pro céu, enquanto um avião fumaceiro escrevia o nome dela anunciando:
Líria Porto vence o Prêmio Rapticula de Literatura na categoria: Desobediência das Palavras.

O prêmio será entregue no próximo outono da região Norte.

Enquanto isso, Folha de São Paulo,The New York Times e Le monde desceram a ladeira para escrever a notícia em primeira-mão.



segunda-feira, 30 de maio de 2016




GISELLE RIBEIRO GANHA O PRÊMIO RAPTICULA DE LITERATURA 2016
       Categoria: POESIA com língua de fogo


   Quando Safo, poeta grega do séc. VII a.C abandonou aquela ilha, cruzando a ponte da vida, entregou o seu fado a outro poeta de nome Pierre Louÿs, um belga do século XIX. Dias e anos se passaram. Talvez décadas. Talvez séculos para que o fado fosse recebido e aceito por outra poeta e bem aqui, no coração da Amazônia, em pleno século XXI, o poeta e ensaísta Affonso Romano de Sant'Anna anuncia a boa nova: O Brasil tem uma poeta com língua de fogo, que escreve com um erotismo vivo e reinventado.
    Ela mora no Norte e vive disfarçada de silêncios. Bem poucos sabem dela, mas quando ela crava a sua língua de fogo no ouvido do mundo, digam depressa quem conseguem escapar das verdades do amor? Do amor construído com cuidados na linguagem, mas que não se deixa vencer pelos olhares da moral.
    E vem da voz de Affonso Romano de Sant'Anna a boa nova: Giselle Ribeiro vence o Prêmio Rapticula de Literatura 2016, na categoria POESIA com língua de fogo, porque o fogo é aceso desde a dedicatória do livro "69":


    "Aos que se libertam do pudor, porque deles é o reino do amor."


     E Safo de onde está beijou os olhos de Deus e pediu licença para descer e vim aqui nesta página ler um único poema que fosse do livro prometido:


DOS LAMPEJOS DO AMOR


E se chamasse os astecas ou incas?


Possivelmente, minha pequena Clara,
os olhos deles trariam a antecâmara celeste,
aquele lugar para onde iriam te levar
E quanto a mim, perderia um certo brilho
do que é de ti e invade o meu olhar.


Aqui Morpho Menelaus,
te dei o nome Clara Morpho,
meu epíteto de Afrodite,
o amor está entre nós,
não corremos nenhum risco.


Mas liberdade é também teu nome.
Não te quero presa minha
tampouco te roubar da vida.
Teu nome reconheço: liberdade
e o meu: medo.


Minha pequena Clara
de asa azul-turquesa acetinada
marquemos no relógio
as horas que tu me queres namorada.


        (Giselle Ribeiro, p. 26 do livro "69" poemas de amor erótico)


* Este Prêmio é contra indicado para pessoas que acreditam em verdades inventadas. Em caso de suspeita de verdade absoluta, consulte a poeta imediatamente.



domingo, 18 de outubro de 2015


PRÊMIO Rapticula de literatura
ofídios, cobras, mbóis, mboias e malacatifas... Bem no meio de um verão escaldante a serpente sai pelo mundo, revira os olhos de uns, estremece a razão de outros, rompe o fino lacre do poder que tem certas palavras, as escolhidas e então escritas na melhor ordem possível.

É assim que ELA escreve na pele nova da serpente. Pele nova. Sempre nova. Cada vez mais nova, porque “literatura é Novidade que permanece Novidade”. E é assim também que escutamos da voz de Ezra Pound o anuncio do dia: Sai o prêmio Rapticula de Literatura na categoria NOVIDADE do INDIZÍVEL.

Mas quem ousou escrever na pele da serpente? Quem assumiu o risco da picada de certas palavras e soube então dizer da sua ofidiofilia?

ELA é ítalo-brasileira, nascida na Eritreia, uma colônia italiana, mas soube nascer também aqui nesse mundão chamado Brasil e aqui se fazer moça, uma moça tecelã.

Senhoras e Senhores anunciamos o Prêmio Rapticula de Literatura 2015, na categoria NOVIDADE do INDIZÍVEL recebido por Marina Colasanti com seu livro “Hora de Alimentar Serpentes”.

Acompanhe um pedaço da pele da serpente:

DÉCIMA HISTÓRIA DE INSÔNIA

- Você sabe porque te chamei? pergunta o homem ao cordeiro.

- Sei. responde o cordeiro confiante -, para que eu pule a cerca e mate a tua insônia.

- Perdeu! diz o homem Para tirar tua pele e fazer um casaco, para tirar tua carne e fazer um churrasco. Não sem antes cortar tua garganta e oferecer-te a Deus. p. 365, 2013.

                       

sexta-feira, 7 de março de 2014

Michelle Cunha e o Prêmio Rapticula 2014

Michelle Cunha ganha o mundo. O mundo ganha Michelle Cunha.
A
Arte
    é luz
    é sina.

A
Arte
     me aluzcina.
Quero
     aluzcinarte.
 
     Esses são alguns versos de Affonso Romano de Sant'Anna. Essa também é a proposta da vencedora do Prêmio Rapticula do ano de 2014. Na categora "Eu vejo a vida por cima e por dentro do muro", Michelle Cunha vence e avança na frente com a sua bandeira de Mulher forte, com olhar forte, resistindo aos vendavais que esta vida lhe oferece.
     Saiu de Belém, no Norte, seu lugar de origem, para morar em Brasília, e por lá deu nova cor à cidade, sempre tão carrancuda, Brasília se encheu de graça com a passagem desta artista. Depois de ouvir as risadas de Brasília, volta à Belém, porque, talvez, Belém precise novamente dela para compor paisagens mais humanas. Perde-se a humanidade por aqui. Avisam os nativos. E ela veio, resgatar essa humanidade, já quase totalmente perdida.
 
     
     Quando a Instituição Rapticula soltou a notícia, o eco chegou até outros países. Foi assim na França com o jornal "Le Monde" que anunciou tudo em primeira mão. Depois, as outras mãos foram liberadas para outros píses. E foi assim que Michelle Cunha ganhou o mundo e o mundo ganhou Michelle Cunha!
      Enquando isso, a Instituição Rapticula anuncia, para os desavisados, que esse Prêmio tem caráter ilusório, como a melhor parte das nossas vidas.    

 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

IN BUST é o vencedor do grande Prêmio Rapticula de Literatura


IN BUST é o vencedor do grande Prêmio Rapticula de Literatura
                                          na categoria As Funções do Imaginário

Todos os Jornais escritos e falados entram na fila pretendendo anunciar o vencedor. Na Instituição Rapticula, os olhos se voltaram para a porta de entrada e saída, isso tudo quando ainda era madruigada do dia 23 de maio de 2013 e o mensageiro entregou nas mãos de um repórter desconhecido o nome daquele que será lembrado como o caminho para a visão do passado, presente e futuro, porque traz em si, o que Alberto Maguel considera ser fundamental: “possuir um texto não apenas lendo atentamente as palavras, mas tornando-se parte de si mesmo.”
Para a decisão do júri, foi necessário visitar, algumas vezes a XVII Feira Pan-Amazônica do Livro na tentativa de encontrar aquele que será a marca viva das Funções dos Imaginário sabendo que “suas comunicações não devem ser dadas ou tomadas com os lábios e a ponta da língua, mas com o fulgor da face e o coração palpitante”. E quem esteve no Espaço Infantil da XVII Feira Pan-Amazônica do Livro, conheceu as histórias "Fio de Pão - A lenda do Cobra Norato, Pinóquio, Curupira, Catalendas e se lambuzou todo de encantamento. 
Dito isto, há um nome que se fez vivamente marcado na XVII Feira Pan-Amazônica do Livro e por tantos dias iluminou o presente com as histórias do passado.
E o repórter desconhecido anunciou no jornalzinho da sua escola primária:
IN BUST É O VENCEDOR DO GRANDE PRÊMIO RAPTICULA DE LITERATURA
na categoria “As Funções do Imaginário

NOTA DE ESCLARECIMENTO: Rapticula é, antes de tudo, o coração de uma poeta faminto pela arte poética e que resolveu soltar a voz e mostrar aos que aqui passam o ouro da nossa existência.
  

 

  

sábado, 5 de janeiro de 2013

NOTA DE ESCLARECIMENTO: PRÊMIO LUMIÈRE PARA A HUMANIDADE.

 
 
          Devo dizer que a idéia do Prêmio Rapticula: "Lumière para a Humanidade" é toda ficcional, ou seja, faz parte do imaginário, de um pensamento irreal, do desejo do reconhecimento de grandes trabalhos literários. E o leitor atento, ou o verdadeiro leitor descobriria esse tom ficcional de forma bem fácil, caso ele se permitisse ler os textos do blog, mas lê-los de verdade, ler o que está explícito e implícito, o que está nas linhas e o que está escondido entre elas.
           
          Explico ainda que o blog "NÃO recomendado para os outros", pretende fazer das premiações Rapticula um detector de bons leitores porque considera o avanço tectológico mais um instrumento para a boa formação de leitores, difundindo as produções literárias e os grandes projetos. Por isso alerta: A tecnologia deve existir para o crescimento do nosso pensamento. Para isso deve existir a tecnologia.

          Concluindo: a humanidade se entenderia mais se aprendesse a ler os livros, os artigos, as pessoas, o mundo e os seus contextos.

          O Prêmio Rapticula, na categoria Lumière para a Humanidade é ficcional, mas o desejo de reconhecimento de alguns belos trabalhos literários é bem real. Pois é de Lumière que a humanidade precisa.

Luz. Muita Luz.