PRÊMIO Rapticula de
literatura
ofídios, cobras, mbóis, mboias e malacatifas... Bem
no meio de um verão escaldante a serpente sai pelo mundo, revira os olhos de
uns, estremece a razão de outros, rompe o fino lacre do poder que tem certas
palavras, as escolhidas e então escritas na melhor ordem possível.
É assim que ELA escreve na
pele nova da serpente. Pele nova. Sempre nova. Cada vez mais nova, porque
“literatura é Novidade que permanece Novidade”. E é assim também que escutamos
da voz de Ezra Pound o anuncio do dia: Sai o prêmio Rapticula de Literatura na
categoria NOVIDADE do INDIZÍVEL.
Mas quem ousou escrever na
pele da serpente? Quem assumiu o risco da picada de certas palavras e soube
então dizer da sua ofidiofilia?
ELA é ítalo-brasileira,
nascida na Eritreia, uma colônia italiana, mas soube nascer também aqui nesse
mundão chamado Brasil e aqui se fazer moça, uma moça tecelã.
Senhoras e Senhores
anunciamos o Prêmio Rapticula de Literatura 2015, na categoria NOVIDADE do
INDIZÍVEL recebido por Marina Colasanti com seu livro “Hora de Alimentar
Serpentes”.
Acompanhe um pedaço da pele
da serpente:
DÉCIMA HISTÓRIA DE INSÔNIA
- Você sabe porque te
chamei? – pergunta o homem ao
cordeiro.
- Sei. – responde o cordeiro
confiante -, para que eu pule a
cerca e mate a tua insônia.
- Perdeu! – diz o homem – Para tirar tua pele
e fazer um casaco, para tirar tua carne e fazer um churrasco. Não sem antes
cortar tua garganta e oferecer-te a Deus. p. 365, 2013.