terça-feira, 18 de setembro de 2012

OS GLÓBULOS NEGROS DE GEÓRGIA CORRÊA MARQUES

 Colagem: Geóriga Corrêa Marques

Tenho inscrito no pêlo do leopardo 
           vários nomes que são meus

Vou junto com a barba rala do homem velho            
           que quase caminha pela praia

Às vezes eu sou a bala rápida       
          atravessando o coração do cimento

Mas não venha me dizer que sou
         o beijo de namorado
         lábio dente língua cabelo
         no banco da praça

        Nem o traço doido da paisagem
        criança música
        o cheiro de livro velho

 Talvez eu seja sim
       o beijo e o deserto feio da criança

Talvez nem seja o meu nome
       que corre pelas savanas caçando zebras

Nem barba lâmina velho areia
Nem projétil rápido
       (lendo porque em coração
                  nada é ligeiro
        tem que ser atemporal
        navegar o sangue devagar
                   até o pulmão – voz louco
                   grito sopro.)
                  
Geórgia Corrêa Marques. Glóbulos negros. 1995. p. 25

 


 

 
 

2 comentários:

  1. A inspiração na ponta de uma caneta.

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  2. É isso aí, meu caro... a criatividade escorrendo por todos os lados de Geórgia Corrêa Marques, uma poeta perdida por esse mundão. Divulgue a arte dela. É disso que o mundo precisa.

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